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The Hobbit: An Unexpected Journey
(2012)

domingo, 2 de setembro de 2012

Laranja Mecânica - O livro, o filme e a reflexão



Laranja Mecânica ( A Clockwork Orange)

          Filme britanico de 1971, adaptado do romance homonimo do escritor ingles Anthony Burgess e dirigido por Stanley Kubrick. Seguindo o fato de que o filme teve um baixo orçamento, tornou-se um clássico dos cults (bem como do cinema mundial), sendo um dos filmes mais famosos e influentes de Kubrick até hoje.

O título:
          Há muitas dúvidas quanto ao propósito do título. Algumas fontes julgam como uma expressão anglo-saxã "As queer as a clockwork orange", traduzindo, "Tão bizarro quanto uma laranja mecânica". Outras fontes analisam ao pé da letra o título original: Clockwork = mecanismo de relógio; algo mecânico e programável. Orange = laranja; Usando a semelhança no inglês com a palavra “orang – utan“; traduzindo: um macaco, uma criatura, um animal.

*criatura programável* 

O livro:
          Publicado em 1962, o autor Anthony Burgess criou para esta obra mais de duzentas palavras baseadas nas gírias dos ciganos ingleses, na própria língua inglesa, em expressões eslavas e fez ainda associações de idéias, e jargões rimados.
          A inteção de Burgess era de que o leitor fosse jogado em um clima de estranhesa e confusão. Não há nenhuma explicação conhecida para a criação desta linguaguem, exceto uma provavel "válvula de escape" do autor em escrever um romance inspirado em um fato real ocorrido em 1944: o estupro cometido por quatro rapazes tendo como vítima a primeira mulher do autor. Tal coleção de palavras é conhecida como nasdat e foi usada na íntegra durante toda a adaptação para o filme.

O filme:




Sinopse: Ambientado na Inglaterra em um futuro indeterminado, o filme conta a história de um jovem delinquente (Alexander DeLarge) e sua gangue (Pete, Georgie e Tapado) cujos gostos variam de música clássica com ênfase em Beethoven, a beber leite e cometer estupros e violência contra mulheres e anciãos.







A psicologia da obra:
          Temos uma introdução bem clara da análise comportamental que norteia esse horrorshow. Alex age sem escrúpulos por mais da metade do filme, quando é traído pelo destino e pelos amigos, e preso. Quando surge a oportunidade de voltar a liberdade, Alex aceita um tratamento experimental (“Método Ludovico”) que consiste na visualização de imagens que retrata a violência e o apelo sexual de todas as formas, passadas em um enorme telão em cores e sons aterrorizantes. O paciente é obrigado a olhar as cenas, pois está preso em sua cadeira de espectador com os olhos impedidos de se fecharem. Como efeito das substancias injetadas antes de cada sessão desse cinema de horror, Alex passa mal ao assistir tais cenas. Acometido de um grande desconforto, implora que ao menos o deixem vomitar.


          Fazer com que o paciente tivesse essa sensação de desespero, terror e desamparo era a intenção do tratamento, mostrando assim a analogia ao sistema behaviorista. O Behaviorismo nada mais é do que uma finalidade da Psicologia em prever e controlar o comportamento. Consiste em condicionar o paciente a rejeitar todo comportamento “anormal”. O paciente faz a associação da violência com o desconforto que sente, sendo sugestionado a não agir da mesma forma.

           Alex então volta às ruas modificado. Aparentemente o tratamento funciona. Quando pensa em tentar algo violento ou de cunho sexual, seu organismo reage com crises de pânico, vômito e tontura. Não importa para a comunidade se ele ainda mantém os pensamentos e desejos antigos, importa apenas que não os externalize. O problema agora é seu retorno à sociedade, onde ele encontra todas as suas vítimas, as quais se vingam dele, que não consegue reagir por causa do seu condicionamento.

          O filme em si retrata claramente a psicopatia, a sociopatia e o modo como a sociedade se mostra decadente ao lidar com tais problemas. Alex é fruto de um meio decadente, mas principalmente vítima de seus próprios conceitos. ""Eu quis ser mau, eu escolhi ser assim" é uma de suas frases.

          Posso ressaltar a vasta gama de questionamentos que o filme pode proporcionar. Ainda na questão social, vale destacar a presença de duas grandes agências controladoras de comportamentos bem latentes na história: a governamental e a religiosa. (Fazem parte do final da trama e deixarei essa análise para um próximo post.)

          Ironicamente, uma história relatada em 1962 com foco no sistema peniteciario, na violencia das gangues e o proprio sistema falho de punição é cruelmente atual. O mesmo se dá quanto ao uso de sustancias alucinógenas entre os jovens e mesmo no tratamento de suas patologias. Real e cada vez mais atual.

           Por mais doentio que possa parecer, este tipo de história realmente existe. E está acontecendo exatamente agora em algum lugar. A diferença é que não usamos o "método Ludovico". Qual nosso papel então? Nenhum. Assim é a maioria cotidianamente, mesmo havendo grandes manifestações de revolta internas referente a dramas atuais (guerras, violência, injustiças....) não às manifesta da forma como deveria ou poderia.

          Quando conseguimos levar um filme de cenas absurdas e situações infames tão facilmente até nossa realidade fica díficil engolir, não?

          Curiosidade: três livros que são referência quando se fala em obras de ficção científica do século XX. O grande fio que une essas obras, além de serem futuristas, é a alienação. Publicados em décadas diferentes e por autores diferentes, os três juntos são considerados uma trilogia. São eles:

* Admirável Mundo Novo, de Aldous Huxley
* 1984, de George Orwell
* Laranja Mecânica, de Anthony Burgess

Trailer:




Ficha técnica:
Elenco: Malcolm McDowell, Patricl Magee, Michael Bates, Warren Clarke, Adrienne Corri, Carl Duering, Paul Farrell, Clive Francis, Michael Glover
Direção: Stanley Kubrick
Roteiro: Stanley Kubrick/ Anthony Burgess
Produção: Warner Bros.
Ano: 1971
Gênero: drama, suspense, ficção científica

Premiações:
OSCAR - 1972
Indicações:
Melhor Filme
Melhor Diretor - Stanley Kubrick
Melhor Roteiro Adaptado
Melhor Edição

GLOBO DE OURO - 1972
Indicações:
Melhor Filme - Drama
Melhor Diretor - Stanley Kubrick
Melhor Ator - Drama - Malcolm McDowell

BAFTA - 1973 (Reino Unido)
Indicações:
Melhor Filme
Melhor Diretor
Melhor Roteiro
Melhor Fotografia

7 comentários:

  1. Excelente texto...uma ótima análise sobre esse grande clássico de Stanley Kurbric....filme que todo cinéfilo deve ter em sua coleção.

    Alexandro

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  2. Muito legal! adoro LM! Apesar de não aparecer, Fahrenheit 451 faz parte dessa distopia também! Logo eu farei uma critica do livro e do filme! Aguardem!

    (Andy)

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  3. Legal, bom ler sobre o filme mais nervoso que já vi, violência ao quadrado, um filme que faz parte da história do cinema. Adrenalina com o som de Beethoven na cabeça!!!

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  4. Esse é um dos melhores filmes que eu já vi!
    Parabéns pelo post!! :D

    (Lizzie)

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